2006-02-21

Um comentário

"Não acredito em Deus porque nunca o vi.
Se ele quisesse que eu acreditasse nele,
Sem dúvida que viria falar comigo
E entraria pela minha porta dentro
Dizendo-me: Aqui estou!"
fernando Pessoa

Li este excerto num site de um amigo. "Não acredito em Deus, porque nunca o vi" - pergunto eu? Mas é suposto ver Deus? E, se ele não via Deus, então não se via, sequer a ele próprio. Porque é que o ser humano tem tendência para falar algumas incoerências?
Como é uma incoerência? Mas Deus é um ser? Lá voltamos à nossa conversa do outro dia.
Afinal, quem ou o que é Deus? As pessoas absorveram dogmatismos, teorias e depois, alvitram que não podem acreditar no que não vêem! Mas querem acreditar no quê? Nas verdades dos outros? E, porque não vivem na sua? Porque não buscam a sua?
É mais fácil pegar na dos outros e rejeitar, contestar, ou contra-argumentar numa construção humana.
Se ele não via Deus, não conseguia ver o planeta em que vivia, se não via Deus, é porque o universo onde se encontrava inserido não existia para ele. Tudo o que o rodeava é Deus!
Além disso, ele continuava a tratar Deus, como de um ser se tratasse: se ele quisesse.... Mas quem é Fernando Pessoa para falar de Deus como se se tratasse de alguém! De outro ser humano; porque para Fernando Pessoa, alguém é outro ser humano; ele não conhecia outros seres além dos humanos, certo? Então...?
Mas porque continuam a falar em nome (e por "Ele") de Deus? Se ele quisesse que acreditasse nele... Mas ele perguntou a Deus se queria? O conceito de querer é terreno, no Universo existe o querer? Tem funcionalidade? Deus quer - dizem os Homens!
Deus não quer nada! Deus não é um ser! Deus não tem princípio nem fim! Eu não gosto de falar sobre Deus, porque seria cair na mesma falácia.
A única tentativa existente, aqui, é de mostrar uma outra perspectiva, utilizando a mesma linguagem, com os mesmos instrumentos: as palavras!
E, com certeza que "ELe veio" muitas vezes falar com ele, será que Fernando Pessoa escutou? Eu acredito que sim! Por essa razão, ele era genial! E, entrou muitas vezes, pela sua porta; talvez, ele não tenha visto! Quando o dia amanhecia, era ELe! Quando o seu rosto era humedecido pela chuva, era Ele! Quando as suas lágrimas corriam... quando a alegria o invadia... ou a tristeza... quando sentia frio...
Quem somos nós? Porque continuamaos a alimentar o sofrimento?
Sei que a condição humana possui várias características; uma delas, é o sofrimento! Mas poderemos minimizá-lo? Senti-lo sem que o permitamos tomar conta de nós, falando mais alto?
Está nas nossas mãos, mais precisamente, na nossa vontade, no nosso querer, mudar!
Posso convidar-vos a mudar? É evidente, se despertar o desejo!
Isto recorda-me, que tenho de vos falar numa história: a diferença entre desejo e expectativa < que se continua a confundir!
Estou a acabar de ler um presente: "As velas ardem até ao fim", de Sándor Márai. Partilha: leiam! Tragam os vossos pensamentos, as vossas dúvidas... Possivelmente, encontram algumas respostas ao colocá-las! Desafiam-se e a mim!
Um até aconchego!

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