
A descoberta longínqua dos sentimentos através das apalpadelas inseguras que o amanhecer nos obriga, faz com que o calor emerja pelo nosso corpo, e a força converte-se na certeza e passamos á margem do desejo.
A troca interna que se estabelece pela minha mente percorre-me, deixando um turbilhão que anseio esclarecido. Os momentos apaziguadores reforçam a vontade de vencer. A escalada traz-me a confiança de alcançar o cume onde se estabelece o equilíbrio e a definição clarifica-se no seu esplendor.
A descida tornar-se-á leve, onde encontro a frescura dos tempos futuros. Amanhã, ao banhar-me no rio, limpo as crostas do passado que quero esquecer.
A pirâmide que construo desde os tempos de outrora traz-me a consolação da construção erguida e restabelece-me perante as vindouras eras.
Iluminadas visões que, ardentemente, desejo encarnar, e viver, continuam a surgir no meu horizonte, e as sombras são meros reflexos que não me ultrapassam. Recusa forte, porque o amor existe em mim, latente divindade que cada vez mais cresce no meu centro.
Céptico sentimento, esse com que esgrimam comigo, mas que venço na constante.
Os azulejos reflectem as ambições coloridas e sensaborosas, que tentam escaldar o meu ente.
Amanhã

sempre o amanhã
será o espelho
onde me vejo
e revejo
até atingir
a calamidade risonha
que este sentimento
me abarga.
Embalada
e levada
nas ondas marinhas
que os homens usam
e abusam
servem-me de vestes
renascendo e purificando
as sombras que escoam
pelas raízes que teimam
vingar
as minhas!
Homem descarnado,
e descoberto,
revelado e temeroso.
(......)
2 Junho 1994
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