2006-02-21

Para ti

o princípio do meu silêncio...
nem sempre as nossas palavras são entendidas ou escutadas e,
...talvez nem a dos outros...
uma tentativa?!

"Saberás que não te amo e que te amo
pois que de dois modos é a vida,
a palavra é uma asa do silêncio,
o fogo tem sua metade de frio.

Eu amo-te para começar a amar-te,
para recomeçar o infinito
e não deixar de amar-te nunca:
por isso é que ainda te não amo.

Amo-te e não amo como se tivesse
nas minhas mãos as chaves da fortuna
e um incerto destino infortunado.

Este amor tem duas vidas para amar-te.
Por isso amo-te quando não te amo
e por isso amo-te quando te amo.!
Pablo Neruda


Anjo Incolor

Abri o livro na altura
em que o Anjo me sorria
e em vez de mel prometia
amor, descanso e ternura

Falava como que a sós.
E as palavras flutuavam.
Eram pombas que poisavam
no fio da sua voz.

Escutei-o de olhos no chão
como se fosse o culpado,
como se o mundo enredado
estivesse na minha mão.

Abri o peito e mostrei-lhe
a areia, a pedra britada,
os planos da grande estrada,
onde o Anjo se ajoelha.

Ele fitou-me, de frente,
de olhos frios como brasas.
E abrindo e fechando as asas
rasgou océu, lentamente.
António Gedeão


A procura incessante de comprender-te; o desespero de entender-te. Continuas mudo e surdo ao meu apelo. Perdão te peço pela incompreensão do teu silêncio e pela ânsia de me te dar e amar. Perdoa-me por desconhcer que amar-te seria magoar-te. Perdoa-me pelo engano ingénuo de quem eras ou és! Perdoa-me por ter confiado naquele que me deste a conhecer e a respeitar. Perdoa-me o incómodo de quem sou. Acreditei que desejavas diferente, diferente...
Beijo-te com ternura, ana!
28-maio.90

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