o princípio do meu silêncio...
nem sempre as nossas palavras são entendidas ou escutadas e,
...talvez nem a dos outros...
uma tentativa?!
"Saberás que não te amo e que te amo
pois que de dois modos é a vida,
a palavra é uma asa do silêncio,
o fogo tem sua metade de frio.
Eu amo-te para começar a amar-te,
para recomeçar o infinito
e não deixar de amar-te nunca:
por isso é que ainda te não amo.
Amo-te e não amo como se tivesse
nas minhas mãos as chaves da fortuna
e um incerto destino infortunado.
Este amor tem duas vidas para amar-te.
Por isso amo-te quando não te amo
e por isso amo-te quando te amo.!
Pablo Neruda
Anjo Incolor
Abri o livro na altura
em que o Anjo me sorria
e em vez de mel prometia
amor, descanso e ternura
Falava como que a sós.
E as palavras flutuavam.
Eram pombas que poisavam
no fio da sua voz.
Escutei-o de olhos no chão
como se fosse o culpado,
como se o mundo enredado
estivesse na minha mão.
Abri o peito e mostrei-lhe
a areia, a pedra britada,
os planos da grande estrada,
onde o Anjo se ajoelha.
Ele fitou-me, de frente,
de olhos frios como brasas.
E abrindo e fechando as asas
rasgou océu, lentamente.
António Gedeão
A procura incessante de comprender-te; o desespero de entender-te. Continuas mudo e surdo ao meu apelo. Perdão te peço pela incompreensão do teu silêncio e pela ânsia de me te dar e amar. Perdoa-me por desconhcer que amar-te seria magoar-te. Perdoa-me pelo engano ingénuo de quem eras ou és! Perdoa-me por ter confiado naquele que me deste a conhecer e a respeitar. Perdoa-me o incómodo de quem sou. Acreditei que desejavas diferente, diferente...
Beijo-te com ternura, ana!
28-maio.90
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