2006-02-21

Sugira formas de superar a confusão conceptual da Psicologia


Depois de ter lido o "apoio literário" fornecido por um dos professores da disciplina e relembrado a mensagem de alguns livros, como o "O Mundo de Sofia", de Jostein Gaarder, "Vai aonde Te Leva o Coração", de Susanna Tamaro, e talvez outros de que não me recordo o título, permanece-me uma questão pertinente e relevante: O que é a Psicologia, afinal? A questão escolhida, que tem como finalidade a sugestão de formalizar uma solução hipotética acerca da Psicologia, foi no sentido, não propriamente, de apresentar solução (ou soluções), mas no de me interrogar se é posível encontrá-la (ou encontrá-las), tanto por mim, que ainda não possuo as condições necessárias para tal, como por todos os outros, que continuam a estudar e investigar o Homem, prolongando a falta de consenso a esse respeito. Portanto, quem sou eu para sugerir formas de superar a confusão conceptual da Psicologia? A dedução obtida é a de que todas as teorias, abordagens, conceitos, etc., que foram explícitas, ao longo da História, foram contribuições válidas para a compreensão (ou sua tentativa) do homem e de todos os fenómenos, processos, etc., que lhe são inerentes. Apesar da minha busca contínua, em conhecer e tentar compreender o "espécimen" mais específico da natureza e, evidentemente, de ter, mais ou menos, estruturadas as minhas ideias sobre o assunto, continuo com a porta aberta, porque acima de tudo, reconheço a limitação existente de um ser humano embrenhar-se na tarefa árdua, desafiante e ardilosa, de "entranhar-se" noutro ser humano, como até mesmo na de qualquer outro ser vivo. A nossa complexidade é equiparada á do meio em que nos encontramos inseridos - a Mãe Natureza! O "ilimite" finito caracteriza as explicações descobertas, e por desbravar, com a nossa imaginação, desvendaremos mais trilhos. Estudamos o que é a Psicologia, estudamos o que são representações mentais... não será a Psicologia uma representação mental? E, isto faz-me lembrar o paradoxo: "domina-me" (só posso dominar o outro, obedecendo ás suas ordens, mas se obedeço, não o domino). Considero que o nosso conhecimento advém da nossa vivência e de todas as ciências. Porque enfatizo, aqui, a nossa vivência? Porque existem pormenores que a ciência ainda não interpreta, não justifica. A religião trouxe ao Homem segurança, depois chegou o baluarte da ciência, desmitificando; mas o Homem premanece inseguro, na segurança criada. Qual ou quais os caminhos, métodos, aplicações, experimentações, investigações próprias e adequadas ao fim proposto: a Psicologia? Nós, aqueles que pretendemos ser psicólogos, que "camisola", a mais particular, deveremos envergar para melhor seguir os seus propósitos, a fim de cumprir a missão de trazer bem estar aos outros, ou não é esse o fim da Psicologia? Tendo como premissa este "conceito!" de Psicologia proponho, cada vez mais, aperfeiçoar a abordagem sistémica, colando-me ao objectivo de conciliar as teorias, paradigmas, meta-teorias, culturas, etc., de modo a alcançar a melhor "colheita" e recolher frutos mais felizes. É meu uso, dizer que o que mais interessa ao Homem é o Amor; gerir as suas emoções, sentimentos, a mais difícil intervenção; o sofrimento, a arma mais habitual para procurar; será a Psicologia, o instrumento, a manobra mais direccionada? A minha opinião pessoal é afirmativa, porque acredito, plenamente na "sua" capacidade e na de outras, como a Antropologia, a Etologia, a Biologia, acompanahda da Física, da Matemática. Também a Astronomia nos elucida como seres pertencentes a um todo do qual, por mais que pretendamos fugir, é impensável realizar. Platão, Sócrates, Kant, Freud, Rogers foram personagens que me marcaram. Claro que empiristas, racionalistas, e tantos outros, também ficaram; assim como, mais recentemente, cognitivistas, sistémicos, Popper, Kuhn e tantos outros "actores" da história da Psicologia, que enriqueceram o meu arquivo e contribuíram para o desejo de me prazentear nas delícias da mente humana. Uns reforçaram as minhas ideias (representações mentais?), outros esclareceram, outros fizeram-me pensar, apesar de não concordar com eles. Não sei, se por bem ou por mal, a ideia, do que para mim significa Psicologia, não foi modificada, antes acrescentaria que, sobretudo, foi enriquecida. É evidente, que como qualquer humano gostaria de participar no contributo de se "fazer" uma melhor Psicologia. Quem não gostaria? Existem muitas áreas da Psicologia, pelas quais me interesso, mas não propriamente pela sua investigação, isto é, talvez, estudar casos particulares me encaminhe para a procura de saber acerca de campos profundos, interessando-me por pesquisar ramos específicos. Mas essencialmente, o que pretendo é chegar às pessoas e "dar-lhes a mão". Entendo a Psicologia, cada vez mais, como o meio para tornar as pessoas mais felizes consigo próprias. Talvez possa cair no erro de tornar a Psicologia numa "doutrina" e limitar-me, mas acredito, também, que a minha sede de saber mais e melhor, me impedirá de encerrar os olhos e "vendar-me" ás vozes, aos gritos suplicantes de todos os seres vivos sequiosos de alimento. Que o meu comportamento seja determinado pelo ambiente, pelas cognições, pelas categorias, pelas formas, pela visão total e/ou parcial do que me rodeia, pela cultura e aprendizagens adquiridas, herdadas, geneticamente ou não; que o inatismo seja real, em que medida for; que a motivação, o desejo, o sonho, a sede, a fome, sejam factores determinantes... tudo isso importa, tudo isso faz parte do ser humano, por conseguinte, da Psicologia. A Psicologia é como uma árvore, com ramos e folhas. Que interessa estudar o todo sem estudar as partes; que interessa estudar as causas sem os efeitos e sem os interligar? O nosso sistema perceptivo, a ponte que nos liga, interior e exteriormente a tudo, parece tornar-se cada vez mais capaz, na medida em que pensamos conhecê-lo e utilizamo-lo com maior eficácia. Creio, por exemplo, que a Etologia nos fornece pistas para melhor entendermos como nos relacionamos, como se processam os nossos comportamentos, característicos duma espécie. Até que ponto o determinante 'gene' nos leva a seguir "aquele" caminho e não outro; até que medida a nossa interioridade biofísica é um factor condicionante, como "funciona" e o que é isso de consciência e inconsciência; serão, na verdade, duas "entidades" ou ainda uma área demasiada complexa e profunda para estarmos à vontade. Quero crer que o propósito da questão não é aprofundar ou explanar as várias teorias como conhecer o Homem, mas se é possível ter uma concepção abrangente da Psicologia de modo a caminharmos numa circularidade, com os pés no chão e os olhos no horizonte cósmico. Talvez uma visão idealista, mas que me tem dado forças para continuar a acreditar na Humanidade.

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